Commodity, eu?

Acabei de pedir um cafezinho. Quem me conhece sabe que tomo curto com a espuma do leite. Aprendi que o bacana é chamar de ‘macchiato’. Mas houve um tempo em que café era só café. Aquele coado em coador de pano e em bule de ágata. Ou naquelas máquinas cromadas das padarias onde a gente encostava no balcão (nem sempre limpo) e pedia um ‘puro’ ou um ‘pingado’.

Mas isso aí faz tempo. Na verdade, nem tanto tempo assim.

Um dia desses a Nestlé (quem diria) permitiu que um time trabalhasse com independência para criar um marco no consumo dessa bebida prosaica (ou seria divina?). Criou lojas que parecem templos de adoração ao café, cápsulas tratadas como joias, máquinas de desejo, edições limitadas, um flerte com a sustentabilidade aqui, outro ali. A Nestlé nos apresentou a Nespresso.

What else? Nothing else!

Mudou nosso patamar da experiência de tomar um café em casa. Ter uma Nespresso em casa passou a ser sinônimo de ser cool. Vocês tomam um Nespresso? Ristretto? Quem sabe um Volluto?

Criou um formato de se relacionar com os donos dessas maquininhas da ‘felicidade em forma de cafeína’. Passaram a chamar a gente pelo nome. Saber quais cafés preferimos. Sugerir novos ‘blends’ que combinam com nosso gosto. E quando o mercado consegue finalmente copiá-la, a Nespresso mostra que tem muito mais fôlego para continuar ditando tendências. Códigos de barra impressos cinco vezes e que podem ser lidos em qualquer posição, ajuste automático da máquina para a cápsula, um novo sistema de preparo, um app (porque tá na moda) e uma máquina com um só botão. Tipo iPhone, sabe?

Saudade daquele antigo cafezinho? Eu não.